Vander Piaia
Cesta básica e inflação
Em janeiro, a cesta básica aumentou 5,8% em Cascavel. Esse foi o resultado apontado pela pesquisa mensal realizada pelo colegiado de Economia da Unioeste. Esse importante programa permite aferir o peso da inflação, principalmente no bolso do trabalhador. Com tal resultado, a cesta passou a custar R$ 660,97.
A cesta básica é composta de 13 itens, justamente aqueles de maior consumo alimentar, entre os quais, feijão, arroz e carne. Cada um dos 13 itens tem um peso que permite mensurar também o peso da inflação. Por exemplo, se o pão francês subiu 20%, mas os demais produtos não mexeram no preço, não se pode dizer que a inflação da cesta básica seja também 20%, razão pela qual é preciso apontar o peso percentual do gasto com pão na cesta básica para se chegar ao impacto real da inflação.
O Dieese, órgão nacional ao qual o programa local da Unioeste está ligado, revelou que em janeiro o preço da cesta básica aumentou em 16 das 17 capitais pesquisadas, sendo a mais cara a cesta medida em Florianópolis, com custo de R$ 800,00. São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre aparecem na sequência, com diferenças mínimas do valor da capital catarinense. Comparando o valor da cesta básica de Cascavel com as 17 capitais, a cidade estaria em 11º no custo de vida medido pela cesta.
Qual seria o valor adequado da renda familiar para uma família de quatro pessoas conseguir pagar as contas, entre elas, aluguel, transporte e educação? Segundo o Dieese, tal valor deveria ser de R$ 6.723,41. Para se atingir tal valor, o piso do salário mínimo deveria ser multiplicado por 4,76 vezes. Ocorre que existe o salário mínimo e a renda média do trabalhador, que é mais que o dobro do que o salário mínimo. Mesmo assim, precisamos avançar muito para obter uma renda mais justa e equilibrada.
Por fim, por que temos a sensação de que a inflação é muito superior aos números que os órgãos oficiais costumam apresentar? Alguns fatores são de ordem psicológica, por exemplo, marcamos mais facilmente o produto que subiu de preço e às vezes esquecemos de “contabilizar” aquele cujo preço caiu. Segundo: a inflação varia de acordo com as classes de consumo, por exemplo, bem de luxo, restaurantes chiques não costumam fazer peso na medição da inflação, mas quem está habituado a tal consumo, poderá sentir um peso extra no bolso quando tais bens ou serviços aumentem de preço. Justamente por tais diferenças é que existem técnicas apuradas de pesquisa e compilação. Nem sempre correspondem àquilo que percebemos no dia a dia, mas costuma se aproximar da realidade.
- Vander Piaia é economista e professor da Unioeste
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