Vander Piaia
Valor real do impacto econômico da degradação ambiental
Minha primeira tentação foi rechear esse pequeno artigo com números, estatísticas e montantes do custo da degradação do meio ambiente. Ao buscar tais dados, observei divergências enormes, que variam de acordo com as fontes. Quanto tais números são emanados de órgão ligados à proteção do meio ambiente, os números costumam ser imensamente maiores do que aqueles considerados nos relatórios dos órgãos oficiais.
Por que isso ocorre? Seria porque os governos e entidades ambientais oficiais tentam minimizar o problema, ou talvez porque os órgãos independentes não levam em conta, por exemplo, a geração de emprego e renda que determinado investimento pode gerar? A mensuração correta tem que levar em conta ambos os fatores. Existe um benefício e um malefício social, que precisam ser computados, sob pena de se chegar a conclusões distantes da realidade.
O marco inicial oficial da inclusão do meio ambiente nas pautas dos governos foi a Conferência de Estocolmo, em 1972. Ao longo desses 50 anos, a agressão ao meio ambiente continuou, porém, olhando pela ótica reversa, muita coisa melhorou.
Se você acessar imagens do Rio de Janeiro, de São Paulo, ou mesmo Nova York nos anos 80 e até os anos 90, as ruas e as calçadas eram um depósito de lixo a céu aberto. Hoje há uma legislação dura que obriga o recolhimento e o correto tratamento do lixo. Ainda nessa época, as chaminés das fábricas emitiam suas nuvens poluentes sobre as cidades sem utilização de nenhum tipo de filtro. Gases tóxicos, cancerígenos, choviam nas populações urbanas diariamente. Além do mais, essas mesmas fábricas emitiam seus apitos estridentes que se ouviam em toda cidade, causando poluição sonora ainda na madrugada.
O esgoto das grandes cidades era também a céu aberto, investir em esgoto era obra que não se via, assim tampouco elegia políticos. As grandes cidades eram uma fedentina, não havia obrigação dos automóveis usarem catalisadores. A poluição, se não vinha das fábricas, vinha dos motores de milhares de veículos. Não havia legislação antitabagismo, as pessoas fumavam em todo lugar, em boates, restaurantes, prédios públicos, ônibus e aviões. Hoje tais atitudes seriam impensáveis.
Tais avanços não significam que tudo está a mil maravilhas. Trata-se apenas de uma reflexão, que demonstra que o ser humano tem uma grande capacidade de criar problemas, mas também tem uma habilidade incrível de gerar soluções. Portanto, minha visão de mundo é uma visão dialética, para cada malefício que o ser humano pratica contra a natureza, ele consegue também criar um benefício equivalente, em outras palavras, apesar de tudo, ainda creio na humanidade.
- Vander Piaia é comentarista econômico e professor da Unioeste
COMENTÁRIOS