As eleições municipais deste domingo foram marcadas pela disputa praticamente até a última seção eleitoral em São Paulo. Só quando a apuração havia chegado a 99,6% das urnas, o TSE confirmou o segundo turno entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 29,48% dos votos, contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL), com 29,07%, menos de um ponto à frente de Pablo Marçal (PRTB), que obteve 28,14%. Já o Rio de Janeiro teve cenário oposto, com Eduardo Paes (PSD) vencendo no primeiro turno o bolsonarista Alexandre Ramagem (PL) por 60,47% a 30,81%. Em Belo Horizonte, Bruno Engler (PL) chegou na frente com 34,38% e vai disputar o segundo turno contra o prefeito Fuad Noman (PSD), que se recuperou nas últimas semanas e atingiu 26,54%. E em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) chegou perto de se reeleger no primeiro turno, com 49,72% dos votos, mas vai a nova votação contra Maria do Rosário (PT), que obteve 26,28%. O segundo turno acontece no próximo dia 27. Confira no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o resultado em cada município. (Meio) Após avançar na corrida à reeleição com apenas 25 mil a mais do que Boulos, Nunes disse que São Paulo “não aceita o extremismo”. A diferença entre Boulos e ele, afirmou o prefeito, é a mesma “entre a ordem e a desordem, a experiência e a inexperiência, a boa gestão e a interrogação, entre o diálogo, a ponderação, o equilíbrio e o radicalismo”. O psolista, que superou Pablo Marçal (PRTB) também por margem mínima (57 mil votos), disse que a capital paulista deseja mudança e falou diretamente ao eleitorado. “Quero dizer a você que tem de escolher entre pagar aluguel e botar a comida na mesa todo fim do mês: você não está sozinho. A você que não mora na periferia, quero lembrar que uma cidade mais justa, mais igual, é uma cidade mais civilizada e mais segura”, defendeu. Em quarto lugar (9,91%), Tabata Amaral (PSB) declarou apoio a Boulos, mas ponderou que seus projetos políticos são diferentes. (Folha) A eleição paulistana foi marcada por um golpe baixo de última hora. Na noite de sexta-feira, Marçal divulgou em suas redes sociais um laudo falso assinado por um médico já falecido associando Boulos ao uso de drogas. A Polícia Federal abriu investigação sobre o caso, enquanto a Justiça Eleitoral determinou inicialmente a retirada do conteúdo das redes e depois a suspensão do perfil do ex-coach no Instagram. A manobra, criticada até por correligionários de Marçal, deve resultar em um processo que pode deixá-lo inelegível. (CNN Brasil) No Rio de Janeiro, Eduardo Paes agradeceu para todos os lados, do “povo da Universal” ao arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, por mais uma vitória para administrar “a mais incrível de todas as cidades”. Ele é o primeiro político a ganhar a eleição pela quarta vez na cidade. Prometeu “trabalhar junto” com o governador Cláudio Castro (PL), do mesmo partido de Ramagem e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Também agradeceu ao presidente Lula, seu apoiador de longa data, e prometeu que não deixará o cargo para se candidatar a governador em 2026. (Globo) Além do Rio, outras dez capitais elegeram seus prefeitos em primeiro turno, entre elas Salvador, onde Bruno Reis (União) ganhou 78,67% dos votos, e Recife, na qual João Campos (PSB) conquistou 78,11%. Também houve vitórias acachapantes em Macapá, com Dr. Furlan (MDB) sendo eleito com 85,08% dos votos; em Maceió, com 83,25% para JHC (PL); em Boa Vista, que elegeu Arthur Henrique (MDB) com 75,18%; e em São Luís, onde Eduardo Braide (PSD) teve 70,12%. (g1) A eleição redesenhou a balança de poder entre partidos. O PSD de Gilberto Kassab conquistou 877 prefeituras, ultrapassando o MDB, que venceu em 832 cidades. Em terceiro veio o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, vencedor em 510 municípios, muito abaixo da meta de 1.500 pretendida pela legenda. Já o PT ensaiou uma recuperação em relação a 2020, passando de 182 para 246 prefeituras. O PL se saiu melhor em capitais (venceu em Rio Branco-AC e Maceió-AL) e vai ao segundo turno em outras nove, enquanto o PT não conquistou nenhuma capital no primeiro turno e vai ao segundo como cabeça de chapa em apenas quatro. (Globo) A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, classificou como “preocupante” a apreensão de quase R$ 22 milhões em dinheiro vivo pela Polícia Federal ao longo das eleições municipais – R$ 1,75 milhão apenas no dia do pleito. Dinheiro em espécie é a principal ferramenta para compra de votos. A ministra, porém, destacou que a disputa ocorreu “sem maiores transtornos”. Ela não comentou o laudo falso divulgado por Pablo Marçal, alegando que não falaria sobre situações específicas. (UOL) Caio Junqueira: “As urnas confirmaram o que se previa: uma vitória do centro e da direita e uma derrota da esquerda. É possível personificar essa vitória em dois personagens deste campo político. Um é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Outro, o secretário de governo dele e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. No curto prazo, o impacto desse resultado é o aumento do poder de fogo desses campos políticos nas negociações com o governo Lula tanto em relação à agenda econômica quanto na sucessão das Mesas Diretoras do Congresso. Mas será no longo prazo que o resultado das urnas será visto com maior clareza. Mais especificamente em 2026.” (CNN Brasil) Míriam Leitão: “O resultado [em São Paulo] é muito creditado ao governador Tarcísio de Freitas, que abraçou a campanha e apostou em Nunes o tempo todo. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro deu sinais dúbios todo o tempo. O que foi determinante foi a máquina do governo do estado, a máquina da prefeitura, um exército de candidatos a vereador, oito bilhões de reais de investimentos e o maior tempo de televisão. É impressionante até que Nunes tenha ficado com menos de 30% dos votos. Guilherme Boulos recebeu o apoio de Tabata Amaral. Mas segundo turno é uma outra eleição. Ninguém é dono do eleitor.” (Globo) Ricardo Correa: “Marçal estará diante de um desafio que dificilmente não o levará à inelegibilidade e, possivelmente, pode fazê-lo também terminar na prisão. Com uma decisão aloprada que coroou uma campanha de baixo nível e sem qualquer limite ao cumprimento da legislação eleitoral, Marçal perdeu exatamente o único ativo que poderia ter na disputa pelo controle da direita com Bolsonaro: as condições políticas futuras.” (Estadão) Aniversário do Meio. Com o resultado das eleições municipais definido, abrimos para todos os assinantes a Edição de Sábado mais recente, Que Direita É Essa?, que examina como a velha guarda e a nova geração conservadora estão se unindo para garantir a hegemonia política. Sessão espírita eleitoral
Meio em vídeo. No Diálogos com a Inteligência desta semana, Christian Lynch recebe Antônio Alvarenga, CEO do Sebrae/RJ, Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura e Conselheiro do Cosag/Fiesp. Alvarenga fala sobre um dos setores mais importantes da economia brasileira: a agricultura. E, claro, suas diferentes facetas. Afinal, o agro realmente é pop? Diálogos com a Inteligência é uma parceria do Meio com a revista Insight Inteligência. (YouTube) Um ano após presidir o maior fracasso de segurança nacional da história israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está longe de perder o poder. Ao contrário do que se esperava logo após as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, ele acumula vitórias que o estão encorajando. Seu capital político para negociar definirá o próximo orçamento do país e se ele terá carta branca para mais um ano da guerra multifrontal que Israel está travando. Netanyahu sobreviveu ao presidente Joe Biden, que falhou em suas tentativas de controlá-lo e de conter o conflito no Oriente Médio, e a protestos frequentes contra seu governo – 69% dos israelenses o querem fora das próximas eleições. “Ele sente que está vencendo”, disse ao Axios um de seus assessores. (Axios) Chegou a São Paulo, na manhã de ontem, um avião da FAB trazendo do Líbano 229 pessoas e três animais de estimação. Foi o primeiro voo da operação Raízes do Cedro, do governo federal, que pretende repatriar 3 mil brasileiros do total de 20 mil que vivem em solo libanês. O presidente Lula recebeu os viajantes e voltou a criticar a administração de Netanyahu pelas guerras contra o Hamas e o Hezbollah. “Tivemos uma posição muito dura contra o ato do Hamas, mas temos uma posição muito dura também contra o comportamento do governo de Israel, matando mulheres e crianças”, disse Lula. (Exame) |
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