Editorial Paraná Oeste
Bets irregulares e impacto nacional
As apostas online, também conhecidas como “bets”, estão ganhando destaque no Brasil nos últimos anos, principalmente pelas publicidades que estes sites promovem por meio de grandes influenciadores digitais. Embora a ideia do dinheiro fácil seja cativante no primeiro momento, as consequências para a economia brasileira tornaram-se cada vez mais problemáticas com a falta de regulamentação.
Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou um prejuízo bilionário para o comércio, com R$ 117 bilhões desviados de atividades produtivas para apostas. Além disso, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) propôs uma força-tarefa para entender os efeitos dessas apostas. Até o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) agora incluirá as bets no cálculo do consumo das famílias, reafirmando o peso econômico da prática.
Além disso, uma questão ainda mais urgente envolve o uso do Bolsa Família. Em agosto de 2024, beneficiários do programa chegaram a gastar cerca de R$ 3 bilhões com apostas. O governo precisou implementar o bloqueio desses cartões para pagamento de apostas, a fim de impedir que famílias em estado de vulnerabilidade redirecionem recursos essenciais para as bets, ressaltando, novamente, a profundidade do problema.
Em uma tentativa de lutar contra este cenário, as plataformas ilegais foram suspensas e o governo agora exige o registro dos apostadores para maior controle. No dia 11 de outubro, os sites não autorizados foram retirados do ar pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com um prazo de dez dias para que os apostadores resgatassem o saldo dos sites não autorizados.
Enquanto as bets drenam recursos da economia, também aumentam o endividamento dos jogadores. Com os grandes influenciadores digitais utilizados como fantoches de divulgação e o aproveitamento, principalmente, de famílias mais vulneráveis, a combinação fortalece o cenário das apostas. Mesmo regularizadas, a fumaça problemática permanece.
Embora o governo esteja tomando medidas para manter as rédeas da situação, é necessária uma intervenção maior para minimizar os danos já causados. Como é de senso comum, a proibição não fará com que a prática deixe de existir. É questão de tempo para as grandes corporações continuarem trabalhando ilegalmente, mantendo-se longe das obrigações dos impostos.
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