Em uma vitória da diplomacia brasileira e do governo Lula, o primeiro dia da cúpula de chefes de Estado do G20, no Rio de Janeiro, terminou com a aprovação de uma declaração final consensual. Após semanas de negociação, o texto finalizado na madrugada de domingo foi aceito com poucas mudanças. Havia divergências em relação à taxação de grandes fortunas e a abordagem das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, por exemplo. A saída, nesse caso, foi citar os conflitos e a crise humanitária sem condenar Israel e Rússia. “Destacamos o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra no que diz respeito à segurança alimentar e energética global, às cadeias de abastecimento, à estabilidade macrofinanceira, à inflação e ao crescimento”, diz o texto final, que também defende cessar-fogo em Gaza pela “situação humanitária catastrófica” e a necessidade urgente de expandir o fluxo de ajuda humanitária. (Estadão) Embora tenha resistido em diversos pontos, a delegação argentina cedeu e decidiu apoiar o documento. Mas o presidente Javier Milei deixou claro que discorda de trechos sobre taxação de grandes fortunas, desenvolvimento sustentável e igualdade de gênero. Ele também disse ser contra as partes que citam a luta contra a desinformação no ambiente virtual, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a luta pela igualdade de gênero. (Folha) A Argentina também voltou atrás ao aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal bandeira da presidência brasileira no G20, lançada ontem pelo presidente Lula. No total, há 148 adesões, sendo 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais, 31 organizações filantrópicas e também a União Europeia e a União Africana. A expectativa é que novas adesões ocorram nos próximos dias. A Aliança terá US$ 25 bilhões em empréstimos a baixo custo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e outros US$ 100 bilhões foram anunciados em contribuições voluntárias. (Globo) Na abertura da cúpula, Lula enfatizou o agravamento de crises globais, com aumento de guerras, extremos climáticos, fome e pobreza. “Estive na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington no contexto da crise financeira de 2008. Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior”, disse. Lula criticou o gasto mundial de US$ 2,4 trilhões em armamentos no ano passado, quando existiam 733 milhões de pessoas subnutridas no mundo, segundo dados da ONU para 2023. (BBC Brasil) Lula também aproveitou a ocasião para criticar indiretamente o governo de Jair Bolsonaro ao citar que o Brasil voltou ao mapa da fome das Nações Unidas na gestão passada e afirmou que vai tirar o país dessa condição até 2026. O presidente disse que o retorno do país ao mapa se deu “em um contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social”. (UOL) E a chamada “foto de família” dos chefes de Estado e de governo foi tirada com o Pão de Açúcar ao fundo. Mas o presidente Joe Biden e os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e da Itália, Georgia Meloni, chegaram atrasados e ficaram fora do clique. Por essas ausências, uma nova tentativa deve ser feita hoje. (Globo) Por falar em foto... Os registros de Lula recebendo os líderes internacionais foram marcados por sorrisos e descontração. Já as imagens dele com Milei mostram frieza e formalidade. (g1) Eliane Cantanhêde: “Depois de vários escorregões na política externa e apesar do voluntarismo juvenil da primeira-dama Janja, a cúpula do G20 e a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza estão sendo um grande momento e uma vitória do Brasil, portanto, do governo e de Lula. Talvez Lula tenha finalmente compreendido que deixar a diplomacia agir e ser responsável nos discursos é mais produtivo para ele e os interesses nacionais do que falar demais, de improviso e de forma arrogante em temas que dividem o mundo”. (Estadão) Miriam Leitão: “A presidência do Brasil no G20 veio construindo consensos e avanços concretos durante o ano todo. Mesmo assim, o dia de ontem foi intenso. A crise provocada pelo ataque russo à Ucrânia levou o G7 a pedir a reabertura da declaração conjunta, já fechada, e o Brasil resistiu. A Argentina criou problemas em vários pontos que já estavam acordados e não queria fazer parte da Aliança contra a Fome. Depois, recuou. Quando Lula declarou que estava lançando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, era o final de um processo de muita negociação e que, ao fim, teve um nível de adesão surpreendente. A soma de todos os avanços consolida o sucesso da presidência do Brasil no G20”. (Globo) Meio em vídeo. Mestre em Relações Internacionais, Tanguy Bagdadi, fundador do podcast Petit Journal, é o convidado de hoje do Central Meio. Ao vivo, às 12h45. Não perca. (YouTube) O Kremlin acusou o governo de Joe Biden de querer escalar o conflito na Ucrânia, permitindo que Kiev use mísseis de longo alcance para ataques dentro da Rússia, prometendo uma resposta “apropriada e palpável”. “É claro que a administração que está de saída em Washington pretende tomar medidas para continuar a colocar lenha na fogueira e inflamar ainda mais as tensões em torno deste conflito”, disse o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitry Peskov. “Esta decisão é imprudente, perigosa, visando a uma mudança qualitativa, um aumento qualitativo no nível de envolvimento dos EUA.” (Guardian) E os países nórdicos já estão se preparando para um ataque russo. A Suécia iniciou ontem a distribuição de um folheto com orientações à população sobre sistemas de alerta, como procurar abrigo durante um ataque aéreo, além de segurança psicológica e digital. Os cidadãos da Noruega também receberam panfletos semelhantes de “preparação para emergências”. A Finlândia também lançou um folheto digital para preparar os cidadãos para “incidentes e crises”. (Politico) O plenário do Senado concluiu a votação do projeto de lei que define novas regras para o uso das emendas parlamentares. O texto-base já tinha sido aprovado na quarta-feira passada, mas ainda faltavam os destaques. Entre os pontos votados ontem, a possibilidade de bloqueio das emendas, incluída a pedido do governo, foi rejeitada por 47 votos a 14. Assim, a Casa manteve o texto aprovado pela Câmara dos Deputados que prevê apenas a possibilidade de contingenciamento, o que, na visão do Executivo, descumpre o acordo firmado no Supremo Tribunal Federal. Além disso, as emendas de bancada aumentaram de oito para dez e foi derrubada a destinação de 50% das emendas de comissão para a saúde. (Folha) Confira o que foi aprovado. (UOL) |
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