Editorial Paraná Oeste
Retrospectiva 2024: um ano de extremos
O ano de 2024 foi marcado por eventos extremos em todas as áreas: entre recordes climáticos, surtos sanitários, tragédias naturais, debates legislativos polêmicos e eleições, o Brasil e o mundo enfrentaram um cenário de intensa transformação. Relembre os acontecimentos mais significativos deste ano.
Logo em janeiro, o planeta sentiu o impacto das mudanças climáticas de forma evidente. O mês foi o mais quente da história, com temperaturas médias de 0,70°C acima dos registros anteriores. Contraditoriamente, no hemisfério Norte, o frio extremo dominou países como Estados Unidos, Alemanha e Suécia, chegando a provocar mortes. Embora opostos, ambos os eventos são frutos de um mesmo problema: o aquecimento global.
No Brasil, as temperaturas extremas abriram caminho para outra crise: um surto de dengue por todo o país. Em fevereiro, mais de meio milhão de casos suspeitos foram registrados, número quatro vezes maior que no ano anterior. Até outubro, o Brasil já havia registrado quase seis mil mortes pela doença.
Além disso, incêndios florestais devastaram a América Latina, incluindo o Brasil, liberando dez toneladas de carbono na atmosfera.
Enquanto isso, chuvas trágicas ocorreram em maio no Rio Grande do Sul, onde 75% dos municípios enfrentaram enchentes históricas, afetando mais de 850 mil pessoas. Além da impotência contra a natureza, muitos brasileiros também culparam a falta de escoamento adequado, levando a pauta do desastre a debates políticos, questionando o poder público e a infraestrutura do estado.
Novamente no campo político, um dos debates mais acalorados do ano girou em torno do aborto. O Projeto de Lei 1904/24 buscou impor um limite de 22 semanas para o procedimento em casos de abuso sexual, com penas mais severas que as impostas aos próprios agressores. A proposta gerou revolta e mobilizações sociais a respeito dos direitos das mulheres e a justiça no Brasil. Recentemente, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal do Brasil (CCJ), aprovou uma PEC que pode acabar de vez com aborto legal no Brasil em quaisquer circunstâncias, gerando ainda mais comoção pública.
Na tecnologia, o Brasil parou com a queda do X, antigo Twitter. Em setembro, o país presenciou a disputa entre o ministro Alexandre de Moraes e o bilionário Elon Musk. No centro da discussão, esteve a suspensão da rede social X e a defesa da liberdade de expressão frente às medidas jurídicas brasileiras. Não demorou muito para que o dono da SpaceX sentisse falta do lucro que a movimentação brasileira causava na plataforma, logo cedendo aos pedidos de Moraes e cumprindo a exigência do Supremo Tribunal Federal (STF), nomeando uma representante legal para o Brasil e voltando a rede ao ar.
No mês de outubro, houveram as Eleições Municipais de 2024 que elegeram os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos. O acontecimento mais nítido nos resultados das votações foi a queda da esquerda em várias capitais e municípios. Os partidos esquerdistas elegeram o menor número de prefeitos nos últimos 20 anos, entregando o Brasil à direita e aos liberais, que já preveem mais uma vitória nas eleições de 2026.
As eleições dos Estados Unidos também impactaram não apenas o Brasil, como o mundo. Como em todas as disputas partidárias, houve um cenário eleitoral extremamente polarizado. Na manhã do dia 6 de novembro, em uma reviravolta política, Donald Trump conquistou a presidência do país ao ultrapassar os 270 votos no Colégio Eleitoral. Enquanto isso, Kamala Harris, sua principal oponente, acumulava 223 votos até o último levantamento.
Por fim, o ano marcado pela política não poderia deixar de acabar polêmico. No Brasil, a Polícia Federal apontou o ex-presidente Jair Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. Segundo o relatório de mais de 800 páginas enviado ao STF, Bolsonaro e outros 36 acusados teriam criado uma narrativa de fraude eleitoral e planejado atos para impedir a posse de Lula incluindo um plano de assassinato contra o atual presidente, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Entre tragédias e debates, o país encerra 2024 da mesma forma que começou: com temperaturas altas, cenário político inflamado e expectativas de um ano melhor. Esperamos que os meses de 2025 sejam usados para resoluções e avanços, como o Brasil necessita.
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