Após prender o general Walter Braga Netto no sábado por decisão (leia a íntegra) do ministro do STF Alexandre de Moraes, a Polícia Federal agora segue o rastro do dinheiro que, segundo o tenente-coronel Mauro Cid, foi entregue pelo ex-ministro de Jair Bolsonaro para planejar a execução de autoridades da República. De acordo com a delação do ex-ajudante de ordens e informações da investigação, foi com dinheiro transportado por Braga Netto e entregue ao major Rafael de Oliveira que teria sido comprado um celular usado na organização dos crimes. Os recursos que passaram pelo general, disse Cid, foram levantados com o "pessoal do agronegócio". Em depoimento prestado em 21 de novembro, o tenente-coronel afirmou que, dias após uma reunião em 12 de novembro de 2022, o militar esteve em reunião com ele e Braga Netto, quando o general entregou o dinheiro dentro de uma sacola de vinho para a realização da ação. A PF conseguiu identificar que, no dia 15 de dezembro, data em que Moraes seria sequestrado pelos golpistas, o major comprou um celular em uma loja de Goiânia e pagou R$ 2,5 mil em espécie. (Globo) A prisão do general não surpreendeu oficiais do Exército. Braga Netto é acusado de tentar interferir nas investigações para obstrui-las. O envolvimento do general na tentativa de golpe e em iniciativas apontadas pela PF para conhecer o conteúdo da delação de Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi considerado grave. Após a prisão do general Mário Fernandes, que foi secretário executivo do então ministro da Secretaria-Geral do Governo, Luiz Eduardo Ramos, a avaliação dos militares é de que as ações da PF ainda farão a corporação sangrar por um bom tempo. E agora há a crença de que os próximos generais na lista dos agentes federais são o ex-ministro Augusto Heleno e o próprio Ramos. (Estadão) Moraes escreveu em sua decisão que os elementos de prova trazidos pela PF indicaram a existência de "gravíssimos crimes" cometidos pelo general, além de demonstrarem a "extrema periculosidade" dele e dos demais envolvidos na tentativa de golpe de 2022. O magistrado também sustentou que os fatos demonstram que os investigados formaram uma organização criminosa com o objetivo de cometer atos de violência, monitorar alvos e planejar os sequestros e homicídios dele, do presidente Lula e do vice-presidente, Geraldo Alckmin. (Metrópoles) Em nota, a defesa de Braga Netto negou que ele tenha tentado obstruir investigações. "Teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução às investigações", escreveram os advogados, liderados por Luís Henrique Cesar Prata. A prisão foi decretada por Moraes a pedido da PF e com aval da Procuradoria-Geral da República. Segundo o chefe da PGR, Paulo Gonet, a representação da PF traz provas suficientes da tentativa do general de interferir nas investigações. (Folha) E os brasileiros, em sua maioria (65%), estão "pouco" ou "nada informados" sobre as investigações a respeito da tentativa de golpe de Estado, aponta pesquisa feita pelo Ipec com 2 mil pessoas de 131 cidades. Quem respondeu ao levantamento se mostrou dividido sobre se Bolsonaro participou da tentativa de golpe (43%) ou se ele está sendo "perseguido politicamente" (42%). Mas para 80% das pessoas, não deve haver anistia para os golpistas e que eles "deveriam ser julgados e punidos conforme a lei". (Globo) Igor Gielow: "Braga Netto precisa de um julgamento justo e ampla defesa, algo que foi negado a toda uma geração pelos fardados. Com sorte, o processo poderá transformar o divisor de águas de sua prisão numa revolução dentro do Exército. O dano da simbiose que as Forças Armadas estabeleceram com o bolsonarismo levará muito tempo para ser expurgado, mas a tentativa de ressuscitar o papel político delas esbarrou nas instituições democráticas". (Folha) Leia as conversas que motivaram a prisão de Braga Netto, e entenda os novos elementos contra ele no último depoimento de Mauro Cid. (Poder360 e Veja) Um gesto de delicadeza
O presidente Lula ganhou alta do hospital Sírio-Libanês neste domingo após ter uma resposta "acima do esperado", segundo sua equipe médica. Lula apareceu no meio da coletiva e, com emoção, disse ter ficado "assustado" durante os dias que passou internado. "Preciso ficar tranquilo uns 60 dias, mas posso trabalhar normalmente. Nunca penso que vou morrer, mas tenho medo", afirmou o presidente, que agradeceu a Deus, aos médicos e às pessoas que rezaram por ele. Lula ficará em São Paulo até quinta-feira, quando fará uma tomografia para avaliar sua recuperação. Nos próximos dois meses, não poderá fazer atividade física e viagens internacionais. A alta veio seis dias após a cirurgia que o presidente fez às pressas para conter um sangramento na cabeça decorrente da queda que sofreu há dois meses. (g1) Em entrevista ao Fantástico, Lula afirmou estar "totalmente bem", tirou o chapéu para mostrar os curativos na sua cabeça, falou em retomar compromissos em Brasília após quinta-feira e refletiu sobre os desafios do seu governo. (TV Globo) Apontado como uma alternativa da direita para a próxima eleição presidencial, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse neste domingo que pretende disputar a reeleição em 2026. "Qual é a minha opção, qual é o meu caminho em 26? É continuar em São Paulo", afirmou durante entrevista ao programa Canal Livre, da Band. "Eu sou muito fiel àqueles que me elegeram", completou. (Folha) No Diálogos com a Inteligência desta semana, Christian Lynch recebe Lorena Mochel, doutora em antropologia social. No papo, como os evangélicos usam as mídias digitais no Brasil, o fenômeno do WhatsApp dentro da comunicação religiosa e a coletividade de mulheres que espalham o evangelho. O Diálogos com a Inteligência é uma parceria da revista Insight Inteligência (assine) com o Meio. (YouTube) A Assembleia Nacional da Coreia do Sul votou a favor do impeachment do presidente Yoon Suk Yeol por sua declaração de lei marcial há 12 dias, o que foi interpretado como uma tentativa de autogolpe. Yoon está suspenso do cargo e quem assume interinamente é o primeiro-ministro Han Duck-soo. O Tribunal Constitucional analisará em 180 dias se mantém ou rejeita a decisão da Assembleia. Se confirmado o impeachment, Yoon será removido do posto e uma nova eleição presidencial será realizada após 60 dias. O presidente chamou a decisão de "impasse temporário" e disse que seguirá "dando o máximo pelo país até o último momento". De 300 parlamentares, 204 foram a favor da destituição, apenas quatro a mais do que o mínimo necessário. (Korea Times) Para ler com calma. O grupo rebelde Hay'at Tahrir al-Sham (HTS) derrubou uma ditadura de meio século em poucos dias. Agora a disputa é para definir o futuro da Síria rapidamente e evitar que rivalidades étnicas, políticas e sectárias desencadeiem uma guerra ainda maior do que o conflito que tem dividido a nação por treze anos, analisa a New Yorker. Os 23 milhões de habitantes incluem várias seitas muçulmanas, cristãs, drusas e curdas. Desde a independência em 1946, foram 20 golpes até 1970, quando teve início o regime de Hafez al-Assad. "O conflito não acabou", alerta Geir O. Pedersen, enviado especial da ONU. (New Yorker) |
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