Editorial Paraná Oeste
A comunicação e a democracia
No complexo cenário das crises políticas do Brasil, um elemento foi fundamental para a execução de estratégias antidemocráticas: a comunicação. As fake news, as redes sociais, os grupos extremistas: o que parecia um simples meio de propaganda, foi utilizada como ferramenta para moldar percepções, manipular a opinião pública e pressionar instituições em favor de um golpe de Estado, como vimos recentemente.
Os relatórios de mais de 800 páginas da Polícia Federal, acerca do ataque bolsonarista de 2022, expõem o papel crucial da comunicação neste contexto. Ela serviu para criar narrativas falsas, como a de fraude eleitoral, e mobilizar apoiadores por meio da desconfiança, polarizando ainda mais o cenário caótico que a população estava vivenciando.
A disseminação de desinformação - parte do plano parcialmente concluído da tentativa de golpe - não apenas deslegitimou as eleições e as urnas eletrônicas, como também descredibilizou o poder judiciário e a imprensa brasileira. Influenciadores digitais e redes sociais ajudaram a espalhar discursos extremistas, gerando uma onda de radicalização que resultou nos ataques às sedes dos Três Poderes em janeiro de 2023.
Além disso, o relatório detalhava planos para o controle da comunicação em um eventual cenário pós-golpe. A mesma seria usada para consolidar um poder autoritário, silenciar opositores e, novamente, manipular a opinião pública, tanto internamente quanto no cenário internacional.
Esse episódio ressalta o quão delicada é a posição da comunicação na democracia, podendo ser a melhor e a pior ferramenta dentro da política. Surge, então, a necessidade de responsabilização daqueles que a utilizaram com desonestidade. Dessa forma, podemos garantir que a informação volte a ser um instrumento de liberdade e não de opressão.
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