A queda livre na popularidade do presidente Lula, confirmada em novas pesquisas Datafolha e Ipec, trouxe um cenário adverso para o Palácio do Planalto e aumentou o entusiasmo da oposição. Jair Bolsonaro e seus aliados intensificaram a convocação para um ato em 16 de março que deve ter como mote “Fora Lula 2026, anistia já”. Os aliados bolsonaristas mais próximos descartam pedir impeachment do presidente e apostam em manter Lula no cargo com a expectativa de que ele definhe politicamente e chegue fraco à eleição do ano que vem. O raciocínio é que um eventual impeachment, ainda que hoje seja algo improvável, poderia dar chances ao atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), de reorganizar a base aliada com apoio do centrão. A estratégia de Bolsonaro se choca com a defesa explícita do afastamento de Lula feita por deputados da direita como Nikolas Ferreira (PL-MG). O ex-presidente quer concentrar a mensagem das manifestações, que ocorrerão em várias cidades, na defesa da anistia para os presos do 8 de Janeiro. Bolsonaro tende a esnobar o ato da avenida Paulista e deve comparecer a outro na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, organizado pelo pastor Silas Malafaia. (Globo e Folha) Após o Datafolha mostrar que 24% dos eleitores brasileiros aprovam o governo do presidente Lula e que 41% o reprovam – queda de 11 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior e índice mais baixo desde o início do primeiro mandato de Lula, em 2003 –, pesquisa Ipec divulgada neste sábado mostrou que 62% dos entrevistados avaliam que Lula não deve se candidatar à reeleição em 2026. Em setembro, 58% eram contrários à busca do presidente pelo quarto mandato. Os principais argumentos foram que Lula já está com idade avançada e não tem feito um bom trabalho. (CBN) O governo aposta em uma série de medidas que atendam os mais pobres e a classe média para elevar sua popularidade. Entre elas, uma das apostas de Lula é aprovar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Lula e sua equipe planejam fortalecer a base e melhorar a comunicação com a população. Embora os índices de desaprovação de Lula tenham aumentado, pesquisas indicam que o presidente ainda lidera simulações de primeiro e segundo turno. Enquanto isso, o Planalto aposta na recuperação econômica para reverter o desgaste e consolidar apoios. (Band) No campo da oposição, a indefinição sobre um nome forte para 2026 continua. Ministros do governo avaliam que um dos maiores desafios para Lula seria enfrentar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado um adversário competitivo. No entanto, a candidatura do governador dependeria do aval de Bolsonaro, que segue insistindo em manter seu nome no jogo, apesar da inelegibilidade. (Folha) Vera Magalhães: “A pior aprovação de Lula em todos os seus mandatos reflete um momento delicado de seu governo em que o presidente evidencia a falta de projeto claro para o terceiro mandato, adota medidas e falas contraproducentes no afã de melhorar sua avaliação e flerta com aquela que é a principal razão do descontentamento de amplos espectros da população brasileira com ele: a inflação descontrolada. O único alívio para Lula no cenário atual se chama justamente Jair Bolsonaro: além de estar na iminência de se tornar réu por tentativa de golpe, o capitão, autocentrado, embola o meio de campo na oposição ao se recusar a deixar que se escolha um candidato para 2026”. (Globo) No Central Meio, a cientista política Ana Carolina Evangelista detalha os obstáculos que envolvem o processo da PGR. Sobre a eleição presidencial de 2026, a colunista do Meio acredita que não será capitaneada pela extrema direita, embora o pêndulo esteja voltado à direita. Veja a análise neste outro trecho do programa. (YouTube) Antes do Carnaval e sentença de até 28 anos. Estes devem ser o prazo de entrega e o tempo das penas máximas somadas da denúncia de Paulo Gonet contra o ex-presidente. Segundo Mônica Bergamo, o procurador-geral da República disse a interlocutores que a denúncia está praticamente pronta para ser enviada, antes do Carnaval, ao STF. Gonet indicou também que a denúncia deve mirar num primeiro momento a acusação de que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado no país. As investigações sobre desvio de joias e fraude em cartões de vacina ficariam para um segundo momento. (Folha) O crescente distanciamento do governo de Donald Trump, que negocia isoladamente com a Rússia um acordo para o fim da guerra na Ucrânia faz com o que o presidente ucraniano busque alternativas. Volodymyr Zelensky viajou na noite de domingo para os Emirados Unidos, país que tem uma grande população de expatriados russos e ucranianos e que vem buscando um papel maior em negociações de paz. A visita acontece um dia depois de o vice-primeiro-ministro russo, Denis Manturov, ter se reunido com o presidente do emirados, Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan. (AP) Também no domingo, Trump disse que pode se reunir “muito em breve” com Vladimir Putin, presidente da Rússia, que, segundo o americano, “quer realmente” acabar com a guerra. Por outro lado, o secretário de Estado, Marco Rubio, procurou diminuir as expectativas em relação a um encontro que terá com representantes russos na Arábia Saudita nos próximos dias. Ele disse não saber quem a Rússia vai enviar nem se haverá alguma participação ucraniana nas conversas. (Kyiv Post) Enquanto isso... Os europeus ficaram de cabelo em pé com o discurso do vice-presidente americano, JD Vance, na sexta-feira, durante a Conferência de Segurança de Munique. Ele afirmou que a “ameaça interna” à Europa é mais grave do que a apresentada por Rússia e China, num discurso de confrontação em que atacou “violações da democracia” no continente. Vance criticou a prisão de um manifestante antiaborto no Reino Unido e de um homem detido na Suécia por queimar exemplares do Alcorão. Discursando em seguida, o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, reagiu. “Ele compara a condição da Europa com o que está acontecendo em autocracias. Isso não é aceitável.” (CNN) |
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