A eleição antecipada da Alemanha, desencadeada pelo colapso da coalizão de esquerda do chanceler Olaf Scholz, resultou em uma mudança brusca para a direita na maior economia da Europa. Os alemães confirmaram a vitória da aliança democrata-cristã de centro-direita (CDU/CSU), liderada por Friedrich Merz, que conseguiu 28,6% dos votos. Em segundo lugar, a legenda de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) fez história ao ganhar 20,8% dos votos, melhor resultado desde sua fundação, em 2013. Os social-democratas (SPD), liderados por Scholz, ficaram com um constrangedor terceiro lugar com 16,4%, os verdes em quarto com 11,6% e a esquerda na quinta posição com 8,8%. A participação nas urnas foi de 83%, a mais alta em 35 anos. (Bild) Apesar de ter superado o partido de Scholz, a aliança CDU/CSU não assegurou maioria entre as 630 cadeiras do Bundestag, o Parlamento alemão. E a costura de alianças com outras siglas para pavimentar a ascensão de Merz e garantir a formação de um governo estável pode se arrastar por semanas. Castigado por desaprovação recorde, Scholz e o SPD tiveram o pior resultado da legenda em mais de um século. Já a AfD foi, de certa forma, a grande vencedora do pleito, único partido a conseguir dobrar seu eleitorado em relação às eleições de 2021, tornou-se a principal força política do leste da Alemanha. Como Merz e sua equipe descartaram negociar com a extrema direita, analistas apontam que ele terá que cortejar social-democratas e verdes para obter maioria. (Deutsche Welle) Em vias de se tornar o próximo chanceler, Merz fez um discurso duro em relação aos Estados Unidos, afirmando que Donald Trump não se importa com a Europa e está alinhado com a Rússia. Ele prometeu uma política de defesa independente de Washington. "Minha prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rapidamente possível para que, passo a passo, possamos ter uma independência autêntica dos EUA", afirmou o líder da CDU. Ele sugere que os europeus precisarão planejar uma nova estrutura de defesa, o que implicaria o fim da Otan, aliança liderada pelos Estados Unidos desde a Guerra Fria. (Politico) Um conservador da velha guarda que gosta de correr riscos. Assim é descrito o provável próximo governante da Alemanha. Merz é um empresário que fez fortuna como advogado e lobista. Aviador apaixonado, casado e pai de três filhos, foi forçado a deixar o governo anos atrás após uma disputa de poder com Angela Merkel. Quando ela estava se preparando para se aposentar, Merz voltou, prometendo que poderia conter a ascensão da AfD movendo o partido mais para a direita em questões como migração e crime. (BBC) Enquanto a CDU e a AfD comemoram suas votações desde a divulgação das pesquisas de boca de urna, eleitores e dirigentes de partidos menores seguem acompanhando avidamente a apuração. Pela lei eleitoral alemã, uma legenda precisa garantir 5% da votação nacional para ter assento no Bundestag. O caso mais grave é do Partido Livre da Alemanha (FDP), que há três meses integrava o governo de Scholz e agora, com projeção de obter apenas 4,3% dos votos, corre o risco de ficar fora do Parlamento. Segundo analistas, parte de seus eleitores está punindo o partido por ter deixado a coalizão e forçado as novas eleições, enquanto outra parte o está punindo por ter feito uma aliança com a centro-esquerda. (New York Times) Israel enviou tanques para Jenin, na Cisjordânia, pela primeira vez em mais de duas décadas, enquanto as tropas intensificam as operações em solo, que durarão pelo menos um ano. Com isso, 40 mil palestinos deslocados não poderão voltar para suas casas. A mais recente operação de Israel na Cisjordânia, lançada dois dias após o cessar-fogo em Gaza entrar em vigor, matou mais de 50 pessoas e destruiu estradas e infraestrutura. Os ataques na Cisjordânia ocorrem num momento em que a frágil trégua entre Israel e o Hamas em Gaza está em crise. O Hamas libertou seis reféns israelenses no sábado, como era previsto, mas Israel suspendeu a entrega de mais de 600 palestinos que deveria libertar de suas prisões em troca. As negociações sobre a segunda etapa do acordo, que inicialmente envolvia a retirada completa de Israel de Gaza, devem começar esta semana. (Guardian) E o velório de Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah que foi morto em um bombardeio israelense há cinco meses, lotou um estádio para 55 mil pessoas, em Beirute, com mais 60 mil do lado de fora. O velório só foi ontem porque os libaneses esperavam a retirada de tropas de Israel do sul do país para realizar a cerimônia. (CNN) Elon Musk provocou a primeira fissura séria no governo de Donald Trump ao ordenar que todos os funcionários públicos – 2,3 milhões no total – enviassem um e-mail até a meia-noite de ontem relatando "suas realizações" na semana anterior, sob o risco de serem demitidos. Diretores de importantes órgãos como o FBI, a CIA e os departamentos de Defesa e Segurança Doméstica, todos nomeados pelo atual presidente, orientaram seus servidores a não responderem. Segundo especialistas, os funcionários dessas instituições lidam em seus afazeres com informações secretas e sensíveis para a segurança do país. O Departamento de Estado disse que irá responder "institucionalmente" e que "nenhum de seus empregados é obrigado a relatar suas atividades a alguém fora de sua cadeia de comando". Trump, que apoiou a iniciativa de Musk, ainda não se manifestou. (Washington Post) Enquanto isso... James Carville, analista e consultor político, afirmou que o governo Trump entrará em "colapso" em um mês e aconselhou os democratas a se sentarem e deixarem isso acontecer. "Os democratas precisam se fingir de mortos. Essa coisa toda está desmoronando. Acredito que esta administração, em menos de 30 dias, estará no meio de um colapso imenso e, particularmente, um colapso na opinião pública", afirmou. (Mediaite) Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, ofereceu-se para "deixar seu posto" em troca de paz ou da admissão do país na OTAN. Ele também rejeitou as demandas dos EUA pelos minerais essenciais e outros recursos naturais do país como parte das negociações para encerrar a guerra. Falando em uma coletiva de imprensa na véspera do terceiro aniversário da invasão russa, que se completa hoje, Zelensky rejeitou os insultos de Trump, que o chamou de "um ditador sem eleições". (CNN) Além de depoimentos e da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e dezenas de outros envolvidos por tentativa de golpe de Estado tem como base gravações trocadas entre os golpistas e recuperadas pela Polícia Federal, reveladas na noite de domingo pelo Fantástico. Em um dos áudios, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então lotado no Comando de Operações Terrestres do Exército, diz: "A gente não sai das quatro linhas [da Constituição]. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair. Ou então eles [a esquerda] vão continuar dominando a gente". A PF apreendeu 1,2 mil equipamentos eletrônicos dos envolvidos na tentativa de golpe e extraiu 255 milhões de mensagens de áudio e vídeo. (TV Globo) No Diálogos com a Inteligência desta semana, Christian Lynch recebe Maria Regina, professora de estudos sociais e políticos da UERJ. No papo, a atual situação da política internacional, o encaixe do Brics na geopolítica global e seu crescimento institucional, a visão de Donald Trump sobre a China, a presença chinesa dentro dos grandes acordos comerciais e a concorrência com os Estados Unidos, a ideia de criar uma moeda do Brics, a Cooperação Sul-Sul e as políticas tarifárias de Trump. Assista! (YouTube) Soberania ameaçada
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