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Cascavel,09/03/2025

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O primeiro Oscar do Brasil


O primeiro Oscar do Brasil

O Carnaval ficou ainda melhor com a vitória de Ainda Estou Aqui, que levou o Oscar de Melhor Filme Internacional e trouxe a primeira estatueta para o Brasil. O filme de Walter Salles concorria nesta categoria com A Garota da Agulha (Dinamarca), Emilia Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia). O diretor brasileiro recebeu o prêmio das mãos de Penélope Cruz. O longa, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, conta a história real de Eunice Paiva, sua mãe, advogada e ativista que passou quatro décadas em busca da verdade sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva. Ele foi assassinado durante a ditadura militar. (g1)

“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande num regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir... Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse Walter Salles durante seu discurso de agradecimento. Assista na íntegra. (UOL)

Mais tarde, na sala de imprensa, com a estatueta na mão, Salles frisou o caráter político do longa e alertou para a “fragilidade da democracia” tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. “Os jornais viram que havia um filme quebrando a barreira do sistema político binário no Brasil e realmente oferecendo um reflexo da nossa história”, disse o cineasta. “Vivemos um momento em que a memória está sendo apagada como um projeto de poder, então criar memória é extremamente importante. A democracia está se tornando frágil em todos os lugares do mundo. Nunca pensei que seria tão frágil mesmo nos Estados Unidos. Portanto, o que aconteceu no Brasil no passado parece muito próximo do nosso presente hoje em dia.” O diretor voltou a celebrar Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que, além de participar do filme, foi protagonista de Central do Brasil e também disputou um Oscar em 1999. E homenageou Caetano Veloso, Erasmo Carlos “e tantos outros cantores extraordinários cuja música realmente deu um sentido a muitas de suas cenas”. (Folha)

Ainda Estou Aqui concorria também a Melhor Filme e Fernanda Torres, a Melhor Atriz. As duas categorias foram vencidas por Anora. Mikey Madison, a protagonista do longa, ganhou o Oscar de Melhor Atriz e se tornou uma das mais jovens a receber o prêmio. Também concorriam nessa categoria Cynthia Erivo (Wicked), Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez) e Demi Moore (A Substância). (CNN Brasil)

Fernanda Torres cumprimentou Madison carinhosamente após a cerimônia. E, segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes, ela deve desfilar no sábado que vem na Sapucaí, no Desfile das Campeãs. “Ela vai, nem que eu tenha que ir buscar em casa.” (Folha)

Aliás, parte do elenco de Ainda Estou Aqui já viu a premiação direto da Sapucaí neste domingo. (GShow)

A atriz brasileira havia pedido para que o país não entrasse em clima de Copa do Mundo em torno das indicações do filme. Foi um pedido em vão, evidentemente. No mundo digital, os brasileiros despejaram memes e mais memes (e ainda mais memes) de alta qualidade. No real, por todo canto, bares lotaram para acompanhar a entrega dos prêmios e, quando o de Melhor Filme Internacional saiu, as cidades explodiram em comemoração. Logo depois da cerimônia, Fernanda, que já havia encantado os fãs com um vídeo em que mostrava seu figurino para a premiação, publicou em seu perfil a frase icônica de sua personagem: “Nós vamos sorrir. Sorriam”. (Instagram)

Por falar em figurino, aqui estão alguns dos melhores looks da festa. (CNN)

Anora levou cinco dos seis prêmios a que foi indicado e foi o grande vencedor da noite. Sean Baker levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Montagem e Melhor Roteiro Original. Com isso, alcançou a marca que era de Walt Disney, com o maior número de Oscars ganhos por um indivíduo em um ano. (New York Times)

 O Brutalista deu o segundo Oscar a Adrien Brody e levou ainda as estatuetas de Fotografia e Trilha Sonora. Conclave foi o vencedor de Roteiro Adaptado e Kieran Culkin, o de Melhor Ator Coadjuvante por A Verdadeira Dor. (Guardian)

Líder de indicações neste ano, concorrendo a 13 estatuetas, Emília Pérez só conseguiu vencer duas categorias: Zoe Saldaña foi a Melhor Atriz Coadjuvante e El Mal, de Camille, levou o prêmio de Melhor Canção. Grande vencedor no Globo de Ouro, A Substância recebeu apenas o prêmio de Maquiagem e Cabelo. Os outros prêmios técnicos se dividiram entre Duna Parte 2, que levou Efeitos Visuais e Som, e Wicked, vencedor de Direção de Arte e Figurino. Confira todos os premiados. (g1)

Todo Oscar rende listas das surpresas e esnobadas do Oscar. Esta da Variety aponta a vitória de Ainda Estou Aqui nas surpresas, ao lado das de Mikey Madison e de Flow. Já a maior esnobada foi para Diane Warren, que perdeu pela décima sexta vez o prêmio de Melhor Canção. (Variety)

Concorrente de Ainda Estou Aqui em Melhor Filme Internacional, Flow deu o primeiro Oscar à Letônia ao vencer a categoria de Melhor Animação. (CNN Brasil)

Feito por um coletivo israelo-palestino, No Other Land (Sem Chão) foi o vencedor de Melhor Documentário. Dirigido por Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor, o filme recebeu outros 62 prêmios em diversos festivais internacionais, como Berlim, Palm Springs e San Diego. O documentário participativo mostra a luta de Basel e sua família ativista ao longo de cinco anos em sua comunidade natal, Masafer Yatta, um conjunto de 19 aldeias palestinas localizado no Sul da Cisjordânia, ocupada pelo exército de Israel. O jornalista israelense Yuval Abraham, um dos diretores, fez um discurso emocionado suplicando pela busca de uma solução para o conflito em Gaza. “Não dá para ver que nós dois somos unidos? O meu povo só vai ficar seguro se o povo do Basel estiver livre e seguro. Existe uma outra forma de fazer as coisas. Não está tarde demais.” (Meio)

A cerimônia foi apresentada pela primeira vez por Conan O’Brien e teve um tom menos político do que se esperava e do que em anos anteriores. Com piadas leves e homenagens aos bombeiros que combateram o fogo que devastou Los Angeles, ele conduziu a noite sem maiores sobressaltos. (Vanity Fair)

A bola fora ficou por conta da piada de O’Brien com o filme brasileiro. “Ainda Estou Aqui é sobre uma mulher que segue em frente sozinha após o desaparecimento do marido. Quando minha esposa assistiu, ela disse que foi o filme mais inspirador do ano”, disse O’Brien. Os internautas não gostaram. (Folha)

Owen Gleiberman: “Ele caminhou bem na linha entre o ácido e o afetuoso, seja zombando de The Brutalist (“Eu não queria que isso acabasse, e felizmente não acabou”), tratando o desastre de Karla Sofía Gascón de uma forma que eliminasse qualquer constrangimento com sua presença na plateia, ou observando que ‘Bob Dylan queria estar aqui esta noite, mas não tanto assim’. Este foi Conan no seu melhor”. (Variety)

Antes de Ainda Estou Aqui nenhuma produção 100% brasileira havia concorrido à estatueta de Melhor Filme. Considerando todas as categorias, a história do Brasil no Oscar começa com aquela que na época era chamada de Melhor Filme Estrangeiro. O Pagador de Promessas, vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 1962, foi indicado em 1963.

Só na retomada do cinema brasileiro o país voltaria a concorrer nessa categoria, com O Quatrilho, de Fábio Barreto. Dois anos depois, seu irmão Bruno Barreto concorreu com O Que É Isso Companheiro?. Logo em seguida, em 1999, tivemos as melhores chances com Walter Salles. Seu Central do Brasil concorreu a Melhor Filme Estrangeiro e Fernanda Montenegro, a Melhor Atriz. O primeiro Oscar ficou com A Vida É Bela, de Roberto Benigni, e o segundo, que causou revolta na época, foi para Gwyneth Paltrow, por seu papel na comédia de John Madden Shakespeare Apaixonado.

O longa brasileiro com mais indicações ao Oscar ainda é Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, concorreu em quatro categorias nobres: Melhor Diretor, roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), fotografia (César Charlone) e edição (Daniel Rezende). Em 2020, um filme de Meirelles teve três indicações. Dois Papas, produção da Netflix, concorreu a Melhor Ator (Jonathan Pryce), Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro Adaptado (Anthony McCarten).

Os outros brasileiros indicados foram Uma História de Futebol, de Paulo Machline, indicado a Melhor Curta em 2001. A canção Real in Rio, que Sérgio Mendes e Carlinhos Brown compuseram para a animação Rio, de Carlos Saldanha, concorreu em 2012. O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, que concorreu como Melhor Animação em 2016 e Onde Eu Moro, de Pedro Kos, que disputou na categoria Documentário Curta Metragem em 2022.

A única categoria com tantas indicações quanto de Melhor Filmes Estrangeiro é a de Melhor Documentário. Cinco diretores ou produtores brasileiros concorreram a estatuetas pelos filmes: a produção franco-belga Raoni, dirigida pelo belga Jean-Pierre com Luiz Carlos Saldanha, em 1979, El Salvador: Another Vietnam, dirigido por Tetê Vasconcellos com o americano Glenn Silber,  em 1982, Lixo Extraordinário, coprodução do Brasil e Reino Unido dirigida pela inglesa Lucy Walker, em 2011, O Sal da Terra, de Luciano Salgado sobre seu pai, Sebastião Salgado, em 2015, e Democracia em Vertigem, de Petra Costa, em 2020.

Um argumento válido é que a primeira indicação brasileira a um Oscar veio em 1945, quando Ari Barroso concorreu com a canção Rio de Janeiro, mas o filme Brazil era uma produção americana. Um caso parecido é da coprodução de França, Itália e Brasil Orfeu Negro. Dirigida pelo francês de Marcel Camus a partir da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, foi a vencedora de Melhor Filme, em 1950.

Outra vitória quase brasileira foi de Willam Hurt, Melhor Ator no Oscar de 1988, por sua atuação em O Beijo da Mulher Aranha, produção americana e brasileira dirigida por Hector Babenco, que concorreu também a Melhor Filme, Melhor Diretor e Roteiro Adaptado (Leonard Schrader). Em 1993, a brasileira Luciana Arrighi ganhou um Oscar de Melhor Direção de Arte pela produção britânica Retorno a Howards End, de James Ivory. E um outro filme Walter Salles já levou um Oscar. Em 2005, o uruguaio Jorge Drexler levou o Oscar de Melhor Canção Original com Al Otro Lado del Rio, que está na trilha de Diários de Motocicleta. (g1)

Quando Ainda Estou Aqui começou a despontar nos festivais internacionais, mesmo antes da estreia comercial, o Meio fez uma entrevista em vídeo com Marcelo Rubens Paiva, na qual ele fala sobre o filme e sobretudo sobre o livro no qual Walter Salles se baseou para fazer o longa. E Caio Barreto Briso escreveu duas histórias incríveis. A primeira, numa Edição de Sábado, falava de como o filme, mesmo antes da indicação ao Oscar, já estava ganhando repercussão internacional e deixado a agenda de Fernanda Torres totalmente insana. A segunda, em dezembro, conta a história da casa onde se passa toda a primeira parte do filme, que está à venda na Urca. E logo depois de Fernanda Torres vencer o Globo de Outro, Caio Mello, Christian Lynch, Flávia Tavares, Guilherme Werneck e Luiza Silvestrini celebraram a vitória no Central Meio. Foi também no Central que Juliana dal Piva contou sobre a investigação que fez sobre Rubens Paiva em seu novo livro.



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