O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou que a Europa está em um “ponto de virada na história” e deve enfrentar a ameaça russa sem ajuda dos Estados Unidos, já que Donald Trump está se afastando do continente e se aproximando do país de Vladimir Putin. Também afirmou em discurso que a França está aberta a discutir a extensão da proteção oferecida por seu arsenal nuclear a seus aliados europeus. “A Rússia se tornou uma ameaça para a França e a Europa”, disse, acrescentando que “assistir e não fazer nada seria uma loucura”. “Nossa dissuasão nuclear nos protege: é completa, soberana, totalmente francesa”, disse Macron na TV. “Mas, respondendo ao apelo histórico do futuro chanceler alemão, decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção dos nossos aliados no continente europeu.” O futuro chefe do governo da Alemanha, Friedrich Merz, questionou se a Otan permaneceria na sua “forma atual” até junho e defendeu conversas com França e Reino Unido sobre uma expansão da proteção nuclear. Macron planeja reunir em Paris, na semana que vem, todos os chefes de exércitos europeus. Ele defendeu que a França invista mais em defesa e continue ajudando a Ucrânia. (Reuters) Com nervos à flor da pele e em sintonia com o discurso de Macron, líderes dos 27 países da União Europeia se reúnem hoje em Bruxelas para uma cúpula especial sobre defesa. Além do rearmamento, espera-se que os líderes discutam como o órgão pode dar mais suporte a Kiev diante do distanciamento dos Estados Unidos. As preocupações cresceram após a discussão na frente das câmeras entre Trump e Zelensky, na Casa Branca, semana passada, quando considerou-se que o ucraniano foi chamado para ser humilhado em público. (CNN) E em mais um duro golpe para Kiev na guerra com a Rússia, os EUA pararam de compartilhar informações de inteligência com a Ucrânia. A medida segue a suspensão de ajuda militar anunciada na segunda-feira por Trump. O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Mike Waltz, disse que ambas as proibições podem ser levantadas se as negociações de paz avançarem. Segundo os ucranianos, os americanos não fornecerão mais informações sobre alvos dentro da Rússia, dificultando a capacidade da Ucrânia de realizar ataques eficazes com drones de longo alcance. Isso também deixa o país no escuro em relação aos movimentos dos bombardeiros estratégicos russos e aos lançamentos de mísseis balísticos. (Guardian) A decisão de Trump de interromper a assistência militar e o compartilhamento de informações pode reordenar o campo de batalha, interrompendo a guerra ou dando à Rússia uma vantagem decisiva. Com a ajuda da Europa, tanto com apoio armamentista como de inteligência, a Ucrânia poderia continuar a luta durante o verão no hemisfério norte sem ajuda americana. Mas essa perda facilita o ataque russo às linhas de defesa ucranianas, dizem analistas. (New York Times) Enquanto isso... EUA e Hamas mantiveram conversas no Catar sobre os reféns mantidos na Faixa de Gaza, rompendo uma política americana de longa data que recusava qualquer envolvimento direto com o grupo, considerado terrorista por Washington desde 1997. Segundo a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump acredita que “é a coisa certa para o povo americano” e “há vidas americanas em risco”. (Axios) Os Estados Unidos suspenderam por um mês as tarifas de 25% sobre carros importados de Canadá e México. A decisão do presidente Trump foi anunciada após conversas com as três maiores montadoras, General Motors, Ford e Stellantis. Questionada sobre por que Trump concedeu apenas o adiamento de um mês, a secretária de Imprensa da Casa Branca afirmou que o presidente espera que as montadoras transfiram a produção de volta para os EUA, “onde não pagarão tarifas”. (New York Times) Foram-se os dias em que os carros eram 100% fabricados nos EUA. Nas últimas décadas, a indústria automobilística americana operou praticamente sem fronteiras, graças a acordos de livre comércio assinados por vários presidentes, incluindo Trump. Os fabricantes argumentam que a imposição de tarifas sobre automóveis e peças deixaria os veículos fabricados na América do Norte em desvantagem, já que mesmo os carros montados em fábricas nos EUA têm itens provenientes dos dois vizinhos. (CNN) As mudanças impostas pelo governo Trump afetam também a vida acadêmica. Programas e parcerias, como os oferecidos pela Fullbright Brasil, passaram a censurar alguns termos, como direitos humanos e civis, para se alinharem à política externa republicana e seguirem a agenda America First. (Meio) E a Suprema Corte americana rejeitou, por cinco votos a quatro, um pedido do governo Trump para intervir em uma ordem judicial que exigia a liberação imediata de quase US$ 2 bilhões em ajuda externa. A decisão representa uma derrota temporária para o governo. O juiz Samuel Alito, liderando a dissidência conservadora, criticou a ordem como “arrogância judicial”, mas a maioria manteve a liminar, inclusive o presidente da Corte, John Roberts, e a juíza Amy Coney Barrett, dois conservadores que juntaram-se aos três juízes liberais para formar maioria. É a segunda tentativa frustrada do governo de obter intervenção em disputas judiciais. (AP) Ronaldo Caiado, governador de Goiás, iniciará pré-campanha à Presidência da República ao lado do cantor Gusttavo Lima com viagens pelo país. Ele afirmou que os dois devem ser anunciados como pré-candidatos de uma chapa única. Já as posições de postulante principal e vice serão definidas posteriormente. A articulação, porém, esbarra na resistência de uma ala governista do partido. Três ministros de Lula dizem que vão trabalhar para a legenda apoiar a reeleição do presidente – e a chapa também deve enfrentar resistência na direita diante da insistência de Jair Bolsonaro em concorrer mesmo estando inelegível. (Globo) E o Exército já planeja como acomodar nas prisões os militares da ativa ou da reserva que forem condenados pela trama golpista, inclusive Bolsonaro. Militares têm dito que o ideal seria o fim do julgamento até dezembro, antes do ano eleitoral, quando os ânimos devem ficar mais exaltados. (Estadão) |
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