Sala Verde abre exposição sobre identidade e experiência humana
A artista Gilda Sabas convida o público a uma imersão no universo criativo indígena contemporâneo, na Biblioteca Pública de Cascavel
A Sala Verde da Biblioteca Pública Municipal Sandálio dos Santos se torna o epicentro de uma celebração cultural única ao abrigar, a partir desta segunda-feira (4) e até o dia 29 de novembro, a exposição "Potências do Ser" da artista indígena Gilda Sabas, pertencente à etnia Pankará da Serra do Arapuá, em Pernambuco.
Promovida pela Secretaria de Cultura de Cascavel, por meio do Museu de Arte de Cascavel - MAC, a mostra integra o Programa de Exposições 2024 deste museu, um projeto que visa proporcionar à população uma ampla diversidade de experiências artísticas ao longo do ano. A entrada é gratuita e a exposição fica aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Com uma proposta que vai além da exibição de arte contemporânea, "Potências do Ser" se alinha à missão do MAC de tornar-se um polo cultural de reflexão e diálogo sobre a arte na região Oeste do Paraná. Ao reunir mais de 30 exposições em seus espaços ao longo do ano, o Museu espera não apenas democratizar o acesso à arte, mas também ampliar a percepção cultural de Cascavel e seu papel no cenário artístico do estado.
Olhar singular
Gilda Sabas, doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, explora temas profundos relacionados à figura humana, desenvolvendo suas obras com uma sensibilidade única. Suas criações desafiam limites técnicos e se destacam pelo uso experimental de suportes e materiais pouco convencionais, como o papel alumínio amassado, o plástico transparente e o acetato cristal. Nessa série, a artista utiliza tinta acrílica sobre papel alumínio, criando superfícies dinâmicas que evocam um diálogo entre forma e função, revelando um novo modo de retratar o ser humano.
Oscar D’Ambrosio, conhecido crítico de arte e curador, descreve a arte de Sabas como uma pesquisa visual constante, marcada pela "busca de possibilidades" e pela capacidade de seu trabalho de escapar das classificações artísticas tradicionais. Segundo ele, a artista "escapa do realismo, do expressionismo ou do impressionismo tradicionais para propor sua jornada", criando uma experiência sensorial e interpretativa única para quem observa suas obras. D’Ambrosio ainda enfatiza que a técnica de Sabas não se limita a ser um meio de criação, mas se configura como uma matriz geradora de questionamentos sobre materiais, técnicas e sobre as próprias nuances da expressão artística.
As criações de Sabas fundem materiais e técnicas variadas, evocando uma poética visual que busca transcender a simples representação da figura humana. Em "Potências do Ser", a artista vai além do retrato: seu trabalho se enraíza na subjetividade e na conexão ancestral, representando um verdadeiro espelho da diversidade cultural do Brasil. A escolha do papel alumínio amassado como suporte, com suas texturas e reflexos peculiares, transforma cada peça em um organismo pulsante, onde a figura humana emerge como um símbolo de resistência e metamorfose constante.
Para a artista, o processo criativo é um espaço de experimentação. Cada obra é um exercício que a aproxima de suas raízes indígenas e de sua busca por uma linguagem plástica que traduza as complexidades da existência. "Potências do Ser" sugere, assim, uma síntese entre a técnica e a poesia, propondo que o público contemple não apenas uma imagem, mas um convite à introspecção, ao contato com o próprio corpo e com as experiências do ser.
A exposição de Sabas, que pertence à etnia Pankará, traz para Cascavel a riqueza da cultura indígena em um contexto contemporâneo, oferecendo uma nova perspectiva sobre as identidades coletivas e individuais. Ao explorar temas que tocam o simbólico e o subjetivo, Gilda estimula o visitante a refletir sobre a própria condição humana e os desafios da identidade no mundo moderno.
A exposição promete ser um marco na programação cultural de Cascavel, reafirmando o compromisso do município com o fortalecimento da cultura indígena e da arte contemporânea. Para quem deseja se aventurar em uma jornada de autoconhecimento e apreciação estética, "Potências do Ser" representa uma oportunidade única de se conectar com a arte e, ao mesmo tempo, com os muitos significados do ser.
Assessoria
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