Especialista elenca hábitos simples e eficazes para cuidar da saúde mental
Campanha visa alertar a sociedade para os cuidados com a saúde mental e emocional da população
Quando um novo ano se inicia é comum que façamos listas de metas e objetivos a serem alcançados nos 12 meses que temos pela frente. Saúde física, bens materiais, viagens e afins são itens que constam na maior parte delas, entretanto o cuidado com a saúde mental tem, ainda que de forma gradual, passado a ser foco de atenção quando paramos para avaliar e planejar nossos dias.
“A crescente atenção à saúde mental reflete um avanço significativo na forma como enxergamos o bem-estar humano. Antes negligenciada, essa área passou a ser uma prioridade, especialmente após a pandemia de Covid-19, que expôs a fragilidade emocional de muitas pessoas. O isolamento social, o medo, a incerteza e as mudanças abruptas na rotina trouxeram à tona questões como ansiedade, depressão e Síndrome de Burnout. Reconhecer essa necessidade é um passo fundamental para desestigmatizar a busca por ajuda e criar espaços mais acolhedores para lidar com as emoções”, afirma a coordenadora da Psicologia Hospitalar do Policlínica Hospital de Cascavel, Marina Magnino Machado Mota.
A especialista ressalta os impactos positivos que esta preocupação e cuidado trará. “A curto prazo, essa conscientização permite que mais pessoas busquem apoio psicológico, aprendam a identificar sinais de sofrimento e desenvolvam resiliência emocional. A longo prazo, como sociedade, ganharemos indivíduos mais saudáveis, colaborativos e produtivos, com impacto positivo em diversas esferas, como educação, trabalho e relacionamentos interpessoais. Além disso, promover a saúde mental reduz os custos relacionados a doenças psicossomáticas e incapacidades”.
Hábitos simples e eficazes
A crescente lista de afazeres que lotam nossas agendas muitas vezes é a objeção ou desculpa que apresentamos no momento de incluir na nossa rotina ações com foco no bem-estar, entretanto é preciso buscar essa inclusão de maneira individualizada. “Apesar dos desafios de uma rotina agitada, é possível adotar hábitos simples e eficazes para cuidar da saúde mental, porém essas práticas devem respeitar a personalidade e individualidade de cada pessoa. Não pode ser uma "receita de bolo", e o que serve para um não serve para o outro”, garante.
Marina elenca hábitos que nos auxiliam na busca pela saúde mental:
Buscar ajuda profissional: psicoterapia é uma ferramenta poderosa, não apenas para tratar problemas, mas para prevenir e promover o autoconhecimento;
Praticar a autorreflexão: reserve alguns minutos do dia para observar suas emoções, identificando o que gera estresse ou bem-estar;
Atividade física regular: o exercício libera hormônios que melhoram o humor e reduzem a ansiedade;
Estabelecer uma boa higiene do sono: dormir bem é essencial para o equilíbrio emocional;
Conectar-se socialmente: mantenha conversas e momentos de qualidade com pessoas que trazem apoio e positividade;
Técnicas de relaxamento: o que faz cada um relaxar é muito diferente, mas o importante é buscar acessar o relaxamento na individualidade;
Alimentação equilibrada: evitar excesso de cafeína, álcool e alimentos ultraprocessados pode reduzir a irritabilidade e a fadiga. Essas práticas, quando incorporadas ao cotidiano, ajudam a criar um equilíbrio entre as exigências externas e as necessidades emocionais internas, promovendo saúde mental de forma sustentável.
Saúde mental x saúde física
Apesar de termos a impressão de que saúde física e mental não tem relação, o impacto de problemas emocionais no nosso corpo é significativo. “Saúde mental e física estão intimamente conectadas. Emoções negativas prolongadas, como estresse, ansiedade e tristeza, podem desencadear reações no corpo, já que o sistema nervoso autônomo responde diretamente às condições emocionais (conflitos e questões internas mal resolvidas, lutos não elaborados, etc.). Os sintomas físicos são diferentes para cada pessoa, e podem ser vistos como formas do corpo ‘pedir ajuda’ quando algo não está bem emocionalmente. É importante escutar esses pedidos de ajuda antes que o corpo necessite ‘gritar’, com sintomas mais graves”, alerta.
Quando os sinais de que algo não vai bem aparecem, é preciso buscar tratamento tanto para os sintomas quanto para a origem deles. “Ao perceber sinais de desgaste emocional no corpo, o primeiro passo é acolher esses sinais e buscar compreender suas causas. O ideal é procurar um psicólogo, que é o profissional capacitado para identificar as raízes emocionais do problema e oferecer suporte. Em casos onde há necessidade de medicação, o psicólogo poderá indicar o acompanhamento psiquiátrico. Tratar apenas os sintomas, como tomar medicamentos para aliviar dores físicas ou insônia sem investigar a origem emocional, pode ser prejudicial a longo prazo. Isso ocorre porque o problema central permanece sem solução, podendo agravar-se e até manifestar-se de outras formas, tanto físicas quanto emocionais”, completa.
Assessoria
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