Dentre as especialidades existentes no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) – campus Cascavel, destaca-se a Estomatologia, que tem como objetivo realizar o diagnóstico de diversas doenças que podem acometer, não apenas os dentes e gengivas, mas também as demais estruturas presentes na cavidade bucal, como lábios, língua, palato, além dos ossos maxilares e mandibulares. 

Um dos principais objetivos desta especialidade é realizar o exame anatomopatológico, que essencial para a detecção precoce do câncer de boca, que pode aumentar significativamente as chances de sucesso no tratamento e reduzir possíveis complicações decorrentes da doença.

Os pacientes que passam por esse atendimento são encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de um dos 24 municípios pertencentes à 10ª Regional de Saúde. De acordo com a professora doutora Adriane de Castro Martinez, docente da disciplina de Estomatologia do curso de Odontologia da Unioeste, o processo começa com a observação de alterações na cavidade bucal por parte do dentista da UBS. “Quando o profissional da atenção primária identifica uma lesão suspeita, ele encaminha o paciente ao CEO/Unioeste para que seja realizada uma avaliação específica e o diagnóstico”, explica.

Caso o diagnóstico de câncer de boca seja confirmado, o paciente é encaminhado à Uopeccan (Hospital do Câncer de Cascavel) para dar início ao tratamento oncológico, que pode incluir cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. O acompanhamento odontológico no CEO, continua durante o tratamento oncológico, com finalidade de prevenir as complicações bucais que podem surgir e interferir o sucesso do tratamento No entanto, o trabalho mais importante está em realizar o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes que apresentam condições cancerizáveis, pois desta forma, evitasse que o paciente venha a desenvolver um câncer de boca no futuro.

Unioeste no período de 2006 a 2019 diagnosticou 192 pacientes com condições cancerizáveis e 50 com câncer bucal, representando 9,5% e 2,4% do total de diagnósticos realizados. E em 2024, esse percentual foi de 15% de diagnósticos de pacientes com condições cancerizáveis e 1% de câncer de boca.

A professora Adriane de Castro Martinez destaca ainda que a prevenção é o melhor caminho para garantir a saúde bucal. “O primeiro passo é estar atento aos sinais. Manchas brancas ou vermelhas, feridas que não cicatrizam e alterações na coloração da mucosa bucal devem ser observadas com atenção”, orienta. 

Ela também reforça a importância das visitas regulares ao dentista e a adoção de hábitos saudáveis. “É importante lembrar que o dentista não cuida apenas dos dentes. Nós cuidamos da saúde bucal como um todo. Consultas periódicas, uma boa higiene oral e evitar hábitos de risco são atitudes essenciais”, afirma.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, em 2024 o câncer de boca foi o 6º tipo mais frequente entre homens e o 16º entre as mulheres. Ao todo, o estado registrou aproximadamente 920 novos casos da doença no último ano.

Além do diagnóstico precoce, a prevenção também passa por mudanças no estilo de vida. A docente ressalta que hábitos como manter uma higiene bucal adequada, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, não fumar – incluindo o uso de cigarros eletrônicos – e não consumir chimarrão em temperaturas muito altas são fundamentais. Outro cuidado importante é evitar a exposição solar excessiva sem proteção, especialmente nos lábios, região bastante suscetível a lesões cancerígenas.

Assessoria