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Cascavel,24/04/2024

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Astrônomo amador brasileiro registra impacto em Júpiter

Evento astronômico foi na madrugada de 12 para 13 de setembro

Fonte: Divulgação/Nasa
Astrônomo amador brasileiro registra impacto em Júpiter

Ser o primeiro brasileiro a
registrar um raro evento astronômico – no caso, o choque de um objeto celeste
com a superfície de Júpiter – requer, segundo o autor da façanha, “resistência,
resiliência, vontade e determinação”. Desde 2012, o astrônomo amador José Luís
Pereira vive uma rotina de 4 horas de observações diárias, sempre que o céu
estava limpo ou parcialmente nublado.

Quando em boas condições
climáticas, José Luiz produzia cerca de 180 vídeos diários, a serem observados
em uma tela. Além disso, o hobby lhe custou, por baixo, R$ 40 mil em
equipamentos – boa parte encarecidos “por custos de importação altíssimos”,
disse à 
Agência Brasil.

Engenheiro civil aposentado, o
astrônomo amador tem 60 anos de idade e trabalha atualmente como pessoa
jurídica, desenvolvendo projetos na área de construção civil. O encanto com os
mistérios do Universo é antigo, e teve início quando tinha, ainda, 14 anos de
idade.

“É uma questão filosófica,
porque a astronomia nos faz pensar que todos somos estrelas, já que nossa
composição química tem, como origem, explosões estelares. Estudar o Universo me
dá a sensação de me estudar. Essa conexão com céu e espaço me acalma o espírito
e me dá a sensação de interagir com algo maior”, explica.

Arte em constante mutação

Ao contrário do que parece,
passar noites observando a superfície de um mesmo planeta está longe de ser
algo entediante. Ele explica que, no caso de Júpiter, a observação é diferente
da observação de outros corpos celestes como, por exemplo, a Lua, que tem
sempre a mesma imagem.

“Júpiter é uma obra de arte em
constante mutação. Muda constantemente. Primeiro porque a rotação do planeta é
de 9 horas 54 minutos, enquanto na Terra é de 24 horas. Em segundo lugar,
porque há, em Júpiter, várias bandas equatoriais de nuvens que giram em
sentidos diferentes, fazendo com que a atmosfera superior esteja em constante
mudança”, detalha.

Diante de tamanha beleza,
vários astrônomos profissionais e amadores se dedicam a observar esse que é o
maior planeta do sistema solar. Há, segundo o astrônomo amador, várias
associações dedicadas exclusivamente ao estudo de Júpiter, além de uma sonda,
chamada Juno, desenvolvida pela Nasa, a agência espacial norte-americana, que
orbita ao seu redor.

Primeiro telescópio

O primeiro telescópio de José
Luís só veio aos 22 anos. “E foi exatamente Júpiter o primeiro objeto
observado”, disse. “Foi ali que começou minha relação com esse planeta. Olho
para tudo que é corpo celeste, mas a área planetária, em especial Júpiter,
sempre foi a que mais me chamou a atenção”.

As “observações sistemáticas”
de Júpiter, no entanto, só começaram em 2012. “E em 2017 dei início às busca
por impactos planetários, também de forma sistemática. Eu planejei fazer essa
descoberta”, disse. Desde então, basta ter um céu limpo ou parcialmente nublado
para José Luís varar a madrugada na busca por testemunhar tamanho evento.

Alta probabilidade de impacto

Na madrugada de 12 para 13 de
setembro, quando detectou o impacto na atmosfera jupiteriana, só foi possível
gravar 25 vídeos porque havia muitas nuvens. “Só que, no dia seguinte, quando
olhei o programa vi a mensagem ‘alta probabilidade de impacto’, o coração
disparou de imediato, e minhas mãos tremiam porque há muitos anos eu procuro
isso. A princípio eu não acreditei porque esse tipo de descoberta, até então,
só acontecia fora do Brasil”.

A confirmação de que, de fato,
havia registrado o tão desejado impacto veio de um amigo francês, também
astrônomo amador, mas que tem o amparo de um astrônomo profissional espanhol.
“Enfim, meu objetivo foi alcançado e a confirmação foi oficializada
mundialmente”.

Em 2017, José Luís chegou a
sentir algo parecido, quando identificou um clarão nas imagens que havia
gravado de Júpiter. “Só que infelizmente tratou-se apenas do chamado raio
cósmico, que ocorre na alta atmosfera da Terra. O lado bom é que ganhei experiência
e não confundi mais”.

Mudanças

Desde o flagrante, a vida de
José Luís não é mais a mesma. “O telefone daqui não parou de tocar. Muita gente
me procurou para entrevistas e para me parabenizar. Sei que em breve tudo
voltará ao normal, mas tenho agora uma sensação muito agradável de que meu nome
entrou para a história da astronomia mundial e, em especial, para a astronomia
brasileira”.

“É uma sensação de ter
concluído uma busca após muita resistência, resiliência, vontade e
determinação. Estou muito feliz e satisfeito em servir de exemplo para colegas
que manterão a mesma dinâmica e seguir adiante para atingir seus objetivos”,
acrescentou.

José Luís comemora também o
fato de ter colaborado para melhorar a imagem da comunidade astronômica
brasileira no exterior, “em especial para a comunidade amadora dos Estados
Unidos e da Europa, que sempre manifestaram poucas expectativas com a
astronomia amadora desenvolvida no Brasil”.

Ele, no entanto, enfatiza que
não se trata de uma descoberta por acaso. “Foi uma busca sistemática. Não foi
fruto do acaso. Segui uma metodologia de observação buscando justamente o
impacto”, explica.

Impactos

No caso do impacto flagrado
pelo brasileiro, trata-se de um impacto de proporção bem menor do que o
ocorrido em 1994, quando diversos observatórios e astrônomos registraram o
choque entre um fragmento do Cometa Shoemaker e Júpiter.

O cometa havia sido captado
pela gravidade colossal de Júpiter e se fragmentado em 22 pedaços. Ao contrário
do que geralmente ocorre, nesse caso foi possível calcular o momento do
impacto, o que possibilitou o acompanhamento a partir de diversas localidades.

“O que persigo são impactos
bem menores. Ao que parece, o que captei foi de um objeto da ordem de 10 a 20
metros, tamanho que já é suficiente para gerar o flash observado, mas isso
ainda está sob análise. O que se comenta é que tenha, no máximo 50 metros, o
que deve corresponder a 500 toneladas e a um poder energético equivalente a
pelo menos uma bomba nuclear”, estima Pereira.

O equipamento utilizado é bastante
simples, apesar de ter um custo estimado de R$ 40 mil. “Tenho um telescópio com
uma câmera dedicada, produzida para filmagens em planetas. A eles eu acoplo um
equipamento chamado montagem equatorial, que possibilita a câmera ficar
centralizada no planeta, compensando o movimento de rotação da Terra”.

A imagem coletada é ampliada
graças a um instrumento óptico chamado Power Mate. Um programa de computador
analisa os vídeos, procurando os impactos que, em muitos casos, podem ser
imperceptíveis. “Esse programa procura diferenças de brilho e avisa. A gente
então olha em uma tela para conferir”.

























































Agência Brasil




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