O Hospital Nossa Senhora de
Salete, em Cascavel, deverá passar por uma transição de administração nos
próximos dias. Após uma determinação judicial em caráter cautelar, a
administração atual, denominada Clínica Médica Cascavel Eireli (CMC), deve
realizar esta transição do dia 1 a 30 de novembro de 2021. Esta mudança inclui
a desocupação do prédio, pela CMC, onde a unidade de saúde funciona atualmente.
A administração será assumida pelo grupo Assistência à Saúde Metropolitana, da
cidade de Sarandi no Paraná.

As notícias destas alterações
“acenderam” um alerta nas autoridades, entidades e população de Cascavel,
devido principalmente ao curto prazo de tempo estipulado para a efetivação da
transição.

O Sindicato dos Trabalhadores
em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Cascavel e Região (Sindesauvel) se
manifestou, afirmando que é impossível realizar esta transição no prazo de 30
dias. “Os serviços prestados no imóvel são relacionados a atendimento de
pacientes, cirurgias de alta complexidade, internamentos e etc, o que já torna
qualquer tipo de mudança/transição algo totalmente complexo exigindo dos
envolvidos, além de um planejamento perfeito, tempo hábil e suficiente para que
a transição seja realizada sem causar qualquer tipo de prejuízo aos pacientes que
no referido imóvel são atendidos, o que de fato não ocorrerá se o prazo de 30
dias for mantido”, destacou em parecer divulgado, complementando também:
“Qualquer erro na transição poderá causar danos irreparáveis aos pacientes,
assim como aos empregados que desempenham suas atividades”.

O APP Sindicato também
demonstrou preocupação diante deste cenário que pode desestabilizar a saúde de
toda a região oeste.  “A APP-Sindicato
questiona o governo do Paraná para intervir e informar quais serão as providências
para evitar um colapso local, redirecionando os atendimentos. Há muitas dúvidas
e insegurança em relação às consultas, exames e cirurgias marcadas.”, publicou.
Eles orientam ainda que os servidores e a população registrem reclamações na
ouvidoria do Sistema de Assistência à Saúde (SAS), - plano de atendimento à
saúde dos servidores públicos do Paraná - cobrando providências.

O Hospital do Coração possui
atualmente cerca de 270 funcionários, além de médicos e prestadores de serviço
para a realização média de 600 atendimentos/procedimentos por dia pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), rede particular e SAS.

A Comissão de Saúde da Câmara
de Vereadores de Cascavel se reuniu na segunda-feira (27) para debater o
assunto e buscar soluções que não impactem na saúde dos pacientes. Após isso,
marcaram uma data para um encontro com os representantes do hospital e
Ministério Público. “Vários funcionários do Hospital entraram em contato
conosco, com muita insegurança sobre o que vai acontecer. Várias pessoas que
estão na fila do transplante também nos procuraram. Após informações e ver o
acordo jurídico, fiquei horrorizado. Deram 30 dias para uma troca de
coordenação do Hospital, o que é impossível. Além disso, o grupo que irá
administrar o hospital não é de Cascavel e possui um sistema diferente, ou
seja, não conhece o funcionamento daqui”, pontuou o vereador Edson Souza,
presidente da Comissão.

“Ninguém tem clareza sobre o
que vai acontecer, se os 200 funcionários irão ser demitidos. Nossa preocupação
é que se algo der errado, com o HUOP e UPAs lotados, não haverá o Hospital
Salete para ‘ajudar’ no atendimento. Portanto, vamos convocar os envolvidos
para compreender o que está ocorrendo e, se necessário, entraremos na justiça.
Não podemos oferecer risco à vida dos pacientes”, defende Edson.