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Cascavel,26/04/2024

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Pe. Anderson: vocação madura e 5 anos de Ordenação Sacerdotal

Aos 40 anos de idade, o funcionário público Anderson Pereira dos Santos se questionava se teria feito as escolhas certas em sua vida

Fonte: Janaína Pazza
Pe. Anderson: vocação madura e 5 anos de Ordenação Sacerdotal

Janaína Pazza

Já falamos por aqui em outra
reportagem sobre a mudança de rumo com uma idade mais avançada, quando em certa
altura da vida, resolvemos tentar algo novo. Temos uma nova história para
contar. Aos 40 anos de idade, o funcionário público Anderson Pereira dos Santos
se questionava se teria feito as escolhas certas em sua vida. Com vinte anos de
trabalho na Prefeitura de Braganey, largou tudo e foi para um seminário.

A história do Padre Anderson
começa nesse município do oeste do Paraná, em uma família humilde, com seus
pais e quatro irmãos, que por muito tempo trabalharam como boias-frias. Naquela
época, o menino já se interessava pelos costumes católicos. “Nós morávamos em
uma fazenda de café, com bastante colonos e na época de quaresma, todos se
reuniam para celebrar a via sacra e as crianças ficavam do lado de fora
brincando, mas os cânticos e a oração do terço já me chamava a atenção. Quando
eu tinha 8 anos, fomos morar na cidade e sempre estive presente na vida
religiosa da família”, conta.

Quando estudante, participava
do Grupo de Jovens da cidade, Grupo de Oração e acompanhava retiros em outras
localidades. Aos 25, foi chamado pelo padre da sua paróquia para atuar como
Ministro da Eucaristia.

“Eu pensava na juventude em
entrar para o seminário, mas naquela época, a família tinha que pagar 60% do
custo, então eu ficava com medo de dizer aos meus pais que queria isso, porque
não tínhamos condições financeiras. Eu trabalhava durante o dia com eles nas
fazendas e a noite estudava, concluí o ensino médio”.

Aos 20 anos, Anderson passou
no concurso da Prefeitura e foi trabalhar como auxiliar administrativo. “Depois
cursei o Magistério em Ciências em Jandaia do Sul, mas não atuei como
professor, pois como era solteiro, a renda do trabalho na Prefeitura era o
suficiente”.

Ao longo de sua trajetória na
vida religiosa da cidade, Anderson era incentivado a iniciar seus estudos para
a vida sacerdotal, tanto pelo padre da paróquia quanto por outras pessoas da
comunidade. “Havia o incentivo, sim. Aos 40, refletia muito sobre a minha vida.
Não fui ser padre, que era algo que eu queria, não havia constituído família,
então me questionava muito a essa altura. Dom Mauro já tinha aceitado outros
seminaristas que já haviam cursado uma faculdade. Aí o padre Odair falou
comigo”. A partir disso, foi mais algum tempo até Anderson decidir-se pelo
seminário. “Ainda me segurei por um ano, até decidir que estava na hora, que eu
deveria experimentar. Marcamos uma reunião com o bispo, contei sobre a minha
caminhada e ele me aceitou no seminário. Isso aconteceu em 2011, aos 41 anos.
Fiz um ano de propedêutico e 4 anos de teologia e mais seis meses até a
ordenação”, diz ele.

A ordenação aconteceu no dia
09 de julho de 2016, no Santuário Nossa Senhora da Salete, em Braganey. O lema
sacerdotal escolhido pelo novo padre é um trecho da passagem da Bíblia Sagrada
de Jeremias 1:9, “Em tua boca, ponho minhas palavras”.

Pe. Anderson explica sua
escolha. “Deus que sempre está conosco. Para o profeta Jeremias, que também se
sentia muito jovem, incapacitado para a missão, Ele disse, ‘Não tenha medo, em
tua boca ponho minhas palavras’. Esse é meu lema sacerdotal, a minha confiança
em Deus, é Ele que direciona, Ele que conduz. Me sinto confortado, sei que não
estou sozinho”.

A designação para a Paróquia
Nossa Senhora Aparecida, em Boa Vista, aconteceu seis meses após a ordenação,
em janeiro de 2017. Antes, Pe. Anderson ficou um mês em Braganey como
substituto e depois passou a ser vigário paroquial em Corbélia, por cinco
meses. O pároco assumiu o lugar do Padre Jenivaldo, transferido para uma
paróquia de Cascavel.

Perguntado sobre a reação da
comunidade braganense e da família sobre sua decisão, Pe. Anderson conta que
não houve surpresa pois todos já observavam que essa seria sua vocação. “Em mim
veio uma insegurança porque eu tinha 20 anos de concurso e uma estabilidade
profissional. Havia a preocupação se daria certo, mas tive muito apoio da
família. E eles ficaram felizes porque já tinha uma caminhada de Igreja muito
presente. Eu já tinha 41 anos, então não pedi permissão, comuniquei e eles
ficaram bem. Para a comunidade não foi uma surpresa, pois todos viam que meu
envolvimento na Igreja era grande. Com a graça de Deus, tive coragem, veio o
sim e hoje estou aqui, com essa missão”.

Já no seminário, o dia a dia
não foi difícil, apesar do desafio da convivência com seminaristas bem mais
jovens. “Achei que seria mais difícil, pelo distanciamento de idade entre nós,
os assuntos não eram os mesmos e eu tinha idade para ser pai deles. Mas com a
graça de Deus, não tive grandes problemas. Sofri mesmo com a falta da família,
especialmente nos primeiros meses”.

Para o sacerdote, a vocação
madura trouxe a certeza de sua escolha e um entendimento de que Deus o chamou
na hora certa. “Questionava com Deus, no seminário, porque não me encorajou
antes se era isso que Ele queria de mim. Mas entendi que era aquele o meu momento.
E por outro lado, foi bom pra mim, pois pude ficar bastante tempo com a minha
família, trabalhei com eles, ajudei. Ainda morava com meus pais quando saí para
o seminário, então isso me conforta e me alegra, pois eu via no seminário
jovens que saíram da família muito cedo. E a vocação madura também te dá a
certeza do que você quer, aí é realmente entregar-se para a formação e colher
os frutos”, finaliza.





































Vocação madura é o termo
utilizado na Igreja Católica para se referir às pessoas que procuram o presbiterado
quando já possuem mais idade, experiências de vida e independência para
escolhas.




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